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sábado, maio 21, 2016

Quase




Querido diário, em 2013 como você sabe, eu estagiei em uma empresa pública e desde então, me despertou a vontade de ser concursada. Eu via a moral que aquelas pessoas tinham, a tranqüilidade em saber que mais cedo ou mais tarde, não seriam demitidos. Via as viagens luxuosas que eles faziam e a troca de carro todo ano. Ali eu comecei a despertar a vontade, mas estudar e colocar a mão na massa mesmo foi em 2014.
Comecei pelo concurso do Ministério da Agricultura, meu Deus... não sei nem explicar o que foi aquilo, um desperdício de tempo? Uma ilusão? Uma alusão? Além de ser um concurso de nível altíssimo, eu não estava preparada e nem sabia por onde começar. Consegui uma apostila que não tinha nada a ver com o que foi cobrado na prova, foquei em conhecimentos específicos e não estudei os básicos. Enfim! A prova foi tão ruim, que eu nem conferi a nota.
Ainda em 2014, eu fiz o concurso da Perícia Criminal do meu estado. Consegui materiais meia-boca, mas que deu para assimilar boa parte do conteúdo, fiz provas anteriores. Não estudei de maneira perfeita, mas estudei relativamente de maneira correta. Mesmo assim eu achei que não iria passar, meu segundo concurso e errei VÁRIAS questões. Surpresa? Passei! E bem colocada, mas na segunda fase do concurso, que era o curso de formação, eu caí 10 posições.
Mesmo sendo aprovada na condição de cadastro de reserva, eu tinha quase certeza que seria convocada porque a necessidade no meu estado era gritante. Para nossa surpresa, o governador convocou apenas as vagas previstas em edital, sem nos deixar com esperança de novas convocações, e ainda para completar. O país entrou em crise.
Tentamos diálogo com a gestão, fizemos manifestações em órgãos públicos e nada resolveu nossa situação. Hoje tenho duas ações na Justiça, está prevista uma nova convocação para o meu cargo, mas eu estou fora desse quantitativo. Querido diário, não sei se é melhor ou pior, mas eu ainda mantenho a esperança acesa de ser nomeada.
Em 2015 eu perdi meu emprego e desde então, resolvi que não iria trabalhar mais, que iria me dedicar integralmente para concursos públicos. E foi justamente nesse ano que eu não fiz nenhum concurso. Eu disse que 2015 seria o ano de plantação para que 2016 fosse ano de colheita. E acreditei nisso.
Preparei-me por 1 ano e 5 meses para o concurso de uma autarquia federal, um concurso histórico e um dos mais concorridos do País.
Esse foi osso duro de roer, estudei duro por todo esse tempo, mas quando chegou na reta final, na última semana de prova, eu percebi todos meus erros... não balanceei as matérias, fiz poucas questões de banca, via pessoas fazendo mais de 10000, enquanto eu não passava nem de mil. Apesar de não ter passado, eu não fiquei infeliz com meu desempenho (mas também não fiquei feliz), eu vi pessoas que estavam mais bem preparadas que eu, ficarem com a mesma nota, fiz 83 pontos, mas a nota de corta deve ser acima de 90. Sem chance.
Agora em 2016 também resolvi que iria fazer concursos de prefeitura, porque é ano de eleição. E também tinha esses concursos como uma válvula de escape. Se nada desse certo na minha vida, eles dariam. Porque na minha concepção eram mais fáceis.
Querido diário, juro por Deus, que no meu primeiro concurso de prefeitura, primeiro desse ano e para o cargo de vigilante, eu errei apenas 2 questões e pensei que iria passar, mesmo sendo apenas 5 vagas. Poderia ter fechado a prova, dei mole, se eu tivesse revisto a prova antes de marcar no gabarito, certamente teria fechado. Quando saiu o resultado? São apenas 5 vagas, 2 pessoas fecharam a prova, 1 errou apenas uma questão, e eu que errei 2 empatei com 9 pessoas. Que azar! Apesar de o primeiro critério de desempate ser a nota de português, e eu ter fechado a prova de português, basta que dessas 9 pessoas, apenas 2 tenham fechado português também e sejam mais velhos que eu para passarem na minha frente. Aliás, um dia eu quero ser deputada federal e abolir o critério de desempate por idade nos concursos públicos. O critério que vai substituí-lo é histórico escolar. Sei que vou dar muito trabalho a muitas bancas, mas esse critério de idade é completamente injusto, discrepante e sem sentido.
O segundo concurso de prefeitura que eu fiz foi para guarda municipal. E esse eu não fui muito bem, nem pensei que fosse chegar próximo da aprovação. Única prova que eu fiz com convicção foi português, matemática eu chutei todas e o específico foi específico demais para mim. Resultado? Quase fechei a prova de português, por 1 ítem, ainda fiquei com 2 itens de matemática e metade do específico. Esse concurso tem segunda etapa (teste de aptidão física), e a coitada aqui achava que iria para o TAF, comecei a me preparar. Descobri que sou boa em corrida, abdominal já sabia que era tranqüilo e que tenho muita dificuldade com flexão de braço. Essa coitada não foi para o TAF por uma questão. Lamentável! Como você pode perceber, diário, esse está sendo para mim o ano do quase.
E saiu o resultado do terceiro concurso de prefeitura que eu fiz esse ano, também errei somente 2 questões e também estava bem confiante. Resultado? Eram 10 vagas, 1 pessoa fechou a prova, 6 pessoas erraram 1 questão, e euzinha que tinha errado 2 questões estou empatada com 13 pessoas.
Não é possível, deve ter algo conspirando contra, isso não parece natural, uma pessoa bater na trave em 3 concursos seguidos. Meus amigos tentam me animar, me dizendo que bater na trave é um bom sinal, sinal que estou fazendo as coisas certas. Mas é muito mais fácil, pensar que Deus não gosta de você, que o universo conspira contra, que não é para ser seu e que você é a mais fudida de todas as criaturas, que poderia ter acertado só mais uma questão para estar pulando de alegria e com garantia de aprovação. Eu estou sofrendo muito, diário. Louvo a Deus pela minha saúde, louvo a Deus pela minha família, mas o meu maior objetivo que é ser servidora pública, parece que não vai chegar nunca. To cansada, to frustrada e já senti vontade de desistir. Mas não tenho para onde ir, eu não tenho outra opção a não ser estudar para concursos públicos.

Isso tudo vai passar
Você não é a primeira, nem a única
Nem a última
Isso tudo vai passar
As barreiras são enormes
E a gente acha que não vai ultrapassar
As fraquezas são sinais de mudança
E quem não muda, dança
Isso tudo vai passar
Vai raiar um sol tão lindo
Que você quase não vai acreditar

(Poema que eu fiz para minha mesma nessa fase tão difícil, primeiro poema que eu escrevo)