Querido diário, em 2013 como você sabe, eu estagiei em uma
empresa pública e desde então, me despertou a vontade de ser concursada. Eu via
a moral que aquelas pessoas tinham, a tranqüilidade em saber que mais cedo ou
mais tarde, não seriam demitidos. Via as viagens luxuosas que eles faziam e a
troca de carro todo ano. Ali eu comecei a despertar a vontade, mas estudar e
colocar a mão na massa mesmo foi em 2014.
Comecei pelo concurso do Ministério da Agricultura, meu
Deus... não sei nem explicar o que foi aquilo, um desperdício de tempo? Uma
ilusão? Uma alusão? Além de ser um concurso de nível altíssimo, eu não estava
preparada e nem sabia por onde começar. Consegui uma apostila que não tinha
nada a ver com o que foi cobrado na prova, foquei em conhecimentos específicos
e não estudei os básicos. Enfim! A prova foi tão ruim, que eu nem conferi a
nota.
Ainda em 2014, eu fiz o concurso da Perícia Criminal do meu
estado. Consegui materiais meia-boca, mas que deu para assimilar boa parte do
conteúdo, fiz provas anteriores. Não estudei de maneira perfeita, mas estudei
relativamente de maneira correta. Mesmo assim eu achei que não iria passar, meu
segundo concurso e errei VÁRIAS questões. Surpresa? Passei! E bem colocada, mas
na segunda fase do concurso, que era o curso de formação, eu caí 10 posições.
Mesmo sendo aprovada na condição de cadastro de reserva, eu
tinha quase certeza que seria convocada porque a necessidade no meu estado era
gritante. Para nossa surpresa, o governador convocou apenas as vagas previstas
em edital, sem nos deixar com esperança de novas convocações, e ainda para
completar. O país entrou em crise.
Tentamos diálogo com a gestão, fizemos manifestações em
órgãos públicos e nada resolveu nossa situação. Hoje tenho duas ações na Justiça,
está prevista uma nova convocação para o meu cargo, mas eu estou fora desse
quantitativo. Querido diário, não sei se é melhor ou pior, mas eu ainda mantenho
a esperança acesa de ser nomeada.
Em 2015 eu perdi meu emprego e desde então, resolvi que não
iria trabalhar mais, que iria me dedicar integralmente para concursos públicos.
E foi justamente nesse ano que eu não fiz nenhum concurso. Eu disse que 2015
seria o ano de plantação para que 2016 fosse ano de colheita. E acreditei
nisso.
Preparei-me por 1 ano e 5 meses para o concurso de uma
autarquia federal, um concurso histórico e um dos mais concorridos do País.
Esse foi osso duro de roer, estudei duro por todo esse tempo,
mas quando chegou na reta final, na última semana de prova, eu percebi todos meus
erros... não balanceei as matérias, fiz poucas questões de banca, via pessoas
fazendo mais de 10000, enquanto eu não passava nem de mil. Apesar de não ter
passado, eu não fiquei infeliz com meu desempenho (mas também não fiquei
feliz), eu vi pessoas que estavam mais bem preparadas que eu, ficarem com a
mesma nota, fiz 83 pontos, mas a nota de corta deve ser acima de 90. Sem
chance.
Agora em 2016 também resolvi que iria fazer concursos de
prefeitura, porque é ano de eleição. E também tinha esses concursos como uma
válvula de escape. Se nada desse certo na minha vida, eles dariam. Porque na
minha concepção eram mais fáceis.
Querido diário, juro por Deus, que no meu primeiro concurso
de prefeitura, primeiro desse ano e para o cargo de vigilante, eu errei apenas
2 questões e pensei que iria passar, mesmo sendo apenas 5 vagas. Poderia ter
fechado a prova, dei mole, se eu tivesse revisto a prova antes de marcar no
gabarito, certamente teria fechado. Quando saiu o resultado? São apenas 5
vagas, 2 pessoas fecharam a prova, 1 errou apenas uma questão, e eu que errei 2
empatei com 9 pessoas. Que azar! Apesar de o primeiro critério de desempate ser
a nota de português, e eu ter fechado a prova de português, basta que dessas 9
pessoas, apenas 2 tenham fechado português também e sejam mais velhos que eu
para passarem na minha frente. Aliás, um dia eu quero ser deputada federal e abolir
o critério de desempate por idade nos concursos públicos. O critério que vai
substituí-lo é histórico escolar. Sei que vou dar muito trabalho a muitas
bancas, mas esse critério de idade é completamente injusto, discrepante e sem
sentido.
O segundo concurso de prefeitura que eu fiz foi para guarda
municipal. E esse eu não fui muito bem, nem pensei que fosse chegar próximo da
aprovação. Única prova que eu fiz com convicção foi português, matemática eu
chutei todas e o específico foi específico demais para mim. Resultado? Quase
fechei a prova de português, por 1 ítem, ainda fiquei com 2 itens de matemática
e metade do específico. Esse concurso tem segunda etapa (teste de aptidão
física), e a coitada aqui achava que iria para o TAF, comecei a me preparar.
Descobri que sou boa em corrida, abdominal já sabia que era tranqüilo e que
tenho muita dificuldade com flexão de braço. Essa coitada não foi para o TAF
por uma questão. Lamentável! Como você pode perceber, diário, esse está sendo
para mim o ano do quase.
E saiu o resultado do terceiro concurso de prefeitura que eu
fiz esse ano, também errei somente 2 questões e também estava bem confiante.
Resultado? Eram 10 vagas, 1 pessoa fechou a prova, 6 pessoas erraram 1 questão,
e euzinha que tinha errado 2 questões estou empatada com 13 pessoas.
Não é possível, deve ter algo
conspirando contra, isso não parece natural, uma pessoa bater na trave em 3
concursos seguidos. Meus amigos tentam me animar, me dizendo que bater na trave
é um bom sinal, sinal que estou fazendo as coisas certas. Mas é muito mais
fácil, pensar que Deus não gosta de você, que o universo conspira contra, que
não é para ser seu e que você é a mais fudida de todas as criaturas, que
poderia ter acertado só mais uma questão para estar pulando de alegria e com
garantia de aprovação. Eu estou sofrendo muito, diário. Louvo a Deus pela minha
saúde, louvo a Deus pela minha família, mas o meu maior objetivo que é ser
servidora pública, parece que não vai chegar nunca. To cansada, to frustrada e
já senti vontade de desistir. Mas não tenho para onde ir, eu não tenho outra
opção a não ser estudar para concursos públicos.
Isso tudo
vai passar
Você não é a
primeira, nem a única
Nem a última
Isso tudo
vai passar
As barreiras
são enormes
E a gente
acha que não vai ultrapassar
As fraquezas
são sinais de mudança
E quem não muda,
dança
Isso tudo
vai passar
Vai raiar um
sol tão lindo
Que você
quase não vai acreditar
(Poema que
eu fiz para minha mesma nessa fase tão difícil, primeiro poema que eu escrevo)